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Emanuel Verdade da Madalena
Universidade de Aveiro
Portugal
http://orcid.org/0000-0001-9322-7076
No 8 (2021), Artigos, páxinas 1-15
DOI https://doi.org/10.15304/elos.8.7969
Recibido: 27-09-2021 Aceptado: 07-11-2021 Publicado: 30-12-2021
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Resumo

No dia 19 de outubro de 2019, Paul Dorr transmitiu em direto no Facebook uma ação de protesto onde queimou quatro livros para crianças com temas LGBTIQ+, que havia requisitado na biblioteca pública de Orange City, no estado de Iowa. Alguns desses livros estão frequentemente presentes nas listas anuais dos dez livros mais censurados nas bibliotecas públicas dos EUA, que incluem quase exclusivamente livros para a infância e juventude, e a maioria contém temas e/ou personagens LGBTIQ+. Assim, este artigo parte de uma análise aos temas e características dos livros mais censurados nos EUA, através das listas compiladas desde 2001 pela American Library Association, para contextualizar a questão da censura aos livros para crianças com temas LGBTIQ+, salientando a forma como se tornaram predominantes nessas listas ao longo dos últimos anos. Partindo da questão clássica do duplo destinatário que influencia de forma indelével o subsistema literário da literatura para a infância (Shavit, 2004), discutem-se as características que, por um lado, mostram a importância da presença destes temas na literatura para a infância (Bartholomaeus e Riggs, 2019; Madalena e Ramos, 2021), mas que, por outro lado, a tornam um campo de batalha ideológico (Stephens, 2018).