Reflexos de Alice: Corpo, Gênero e escrita em Alice no Espelho, de Laura Bergallo

Resumen

Partindo do pressuposto de que a obra de arte literária potencialmente voltada a crianças e jovens constitui, além de um objeto estético, um constructo cultural produzido por adultos, há que se considerar tais obras como fenômenos eivados de valores ideológicos que demandam reflexão, questionamento e tomada de postura crítica, vez que veiculam visões de mundo, condutas e referenciais que poderão ser acatados ou refutados pelo leitor criança e pelo jovem leitor. Assim sendo, por via de aportes teóricos vários, porque  interdisciplinar se nos apresenta a produção epistemológica voltada ao exame do gênero literário infantil e juvenil,  importa investigar a obra Alice no espelho (2005), de Laura Bergallo, com ilustrações de Edith Derdyk. Na narrativa juvenil em questão, a autora contempla a história de Alice, uma adolescente que desenvolve um processo doloroso e angustiante de anorexia nervosa. A partir de um intenso e constante processo de intertextualidade com o clássico de Lewis Carroll, a escritora trata de forma bastante literária o tema, em muito distanciando sua obra de um mero compêndio médico dos sintomas e do tratamento da doença. Por via do presente trabalho, objetivamos investigar a representação literária do corpo e o investimento intertextual realizado pela autora como um dos procedimentos estilísticos que conferem literariedade à obra.