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Ana María Martins
Universidade de Lisboa (FLUL/CLUL)
Portugal
Vol. 3 (2011), Pescuda
Recibido: 14-05-2012 Aceptado: 15-05-2012 Publicado: 15-05-2012
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Resumen

O objectivo deste trabalho é repensar o tema da colocação dos pronomes clíticos na história do português, observando dados que não haviam sido considerados e recolocando o problema numa nova perspectiva. O estudo do teatro vicentino vem revelar que no português quinhentista, época de predomínio esmagador da próclise em frases finitas nos textos portugueses, uma outra gramática mais enclítica, e portanto mais afim quer do português antigo quer do português europeu contemporâneo, tinha também existência. A desigual visibilidade das duas gramáticas nos textos quinhentistas decorrerá do seu diferente estatuto sociolinguístico. É a menos visível delas que podemos encontrar nas falas dos personagens populares de Gil Vicente, e é essa a gramáticaque constitui o “elo (quase) perdido” do percurso evolutivo do português antigo ao português europeu contemporâneo. A gramática quinhentista que domina a produção textual decorre, por sua vez, de um caminho evolutivo que parece ter sido comum a todas as línguas ibéricas, mas que não teve continuidade em Portugal e na Galiza. Esta gramática a que poderemos chamar “pan-ibérica” foi perdendo espaço a partir do século XVII, até se extinguir, apesar da posição de vantagem que durante séculos manteve relativamente à gramática mais “enclítica” e popular.

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