Linguística e história: elementos para uma epistemologia e metodologia compartilhadas
Contido principal do artigo
Resumo
Neste artigo, temos como objetivo desenvolver parte do que Mattos e Silva (1988) denominou Linguística histórica lato sensu, através da sistematização da "zona intermediária" entre a ciência linguística e a ciência histórica – no que se refere ao estudo da face externa de uma língua. Para tanto, expomos aspectos da epistemologia e metodologia de ambas as ciências, com vistas a demonstrar, em seguida, como atuam em conjunto, citando exemplos de trabalhos em que tal compartilhamento já é feito de maneira intuitiva, e enquadrando-os nas vertentes que denominamos história social-linguística – neste caso, coincidindo com a denominação já utilizada pela referida autora (2004) – e história cultural-linguística. Por fim, além de dar uma amostra do compartilhamento metodológico que já é feito há décadas em trabalhos de linguistas-historiadores, procuramos sugerir algumas inovações neste compartilhamento, e.g. a utilização da prosopografia – método típico da ciência histórica –, no intuito de possibilitar uma produtividade ainda maior em trabalhos que ocupam esta zona intermediária entre ciências.
Palabras chave
Detalles do artigo
Citas
AHR conversation: on transnational history (2006), Bloomington: American Historical Review, 1440-1464.
Argolo, Wagner (2015): História linguística do Sul da Bahia (1534-1940). Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia. Tese de doutoramento inédita.
Bessa Freire, José Ribamar (2004): Rio Babel: a história das línguas na Amazônia. Rio de Janeiro: Atlântica.
Brewer, John (2010): “Microhistory and the histories of everyday life”, Cultural and Social History 7.01, 87-109.
Dias, Marcelo Henrique (2011): Farinhas, madeiras e cabotagem: a Capitania de Ilhéus no antigo sistema colonial. Ilhéus: EDITUS-UESC.
Ginzburg, Carlo (1976/2006): O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras.
Hamers, Josiane / Michel Blanc (2000): Bilinguality and Bilingualism. Cambridge: Cambridge University Press.
Houaiss, Antônio (1985): O português no Brasil. Rio de Janeiro: Unibrade-Centro de Cultura.
Lobo, Tânia (2009): “Arquivos, acervos e a reconstrução histórica do português brasileiro”, em Klebson Oliveira / Hirão Cunha e Souza / Juliana Soledade (eds.), Do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias. Salvador: EDUFBA, 609-630.
Lobo, Tânia / Klebson Oliveira (2013): "Ainda aos olhos da Inquisição: novos dados sobre níveis de alfabetização na Bahia em finais de quinhentos", em Rosario Álvarez / Ana Maria Martins / Henrique Monteagudo / Maria Ana Ramos (eds.), Ao sabor do texto. Estudos dedicados a Ivo Castro. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela, Servizo de Publicacións e Intercambio Científico, 10-25.
Lucchesi, Dante (2010): Línguas em contato. Manuscrito inédito.
Lucchesi, Dante / Alan Baxter (2009): “A transmissão linguística irregular”, em Dante Lucchesi / Alan Baxter / Ilza Ribeiro (eds.), O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 101-124.
Matos, Paulo Teodoro de (2013): “Population censuses in the Portuguese Empire (1750-1820): research notes”, Romanian Journal of Population Studies 1, 1-22.
Mattos e Silva, Rosa Virgínia (1999): “Orientações atuais da linguística histórica brasileira”, D.E.L.T.A 15, 147-166.
Mattos e Silva, Rosa Virgínia (2004): Ensaios para uma sóciohistória do português brasileiro. São Paulo: Parábola.
Muller, Michael / Cornelius Torp (2009): “Conceptualising transnational spaces in history”, European Review of History 16.5, 609-617.
Oliveira, Klebson (2005): Negros e escrita no Brasil do século XIX: sóciohistória, edição filológica de documentos e estudo linguístico. Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia. Tese de doutoramento inédita.
Ribeiro, Darcy (1995/2004): O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras.
Rocha Pombo, José Francisco da (1905): História do Brasil. Rio de Janeiro: J. Fonseca Saraiva Editor / Benjamim de Aguilar Editor.
Rodrigues, Aryon (1986): Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola.
Rodrigues, Aryon (1993): “Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas”, D.E.L.T.A. 9(1), 83-103.
Rodrigues, Aryon (1996): “As línguas gerais sul-americanas”, PAPIA 4, 6-18.
Saussure, Ferdinand de (1916/2006): Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix.
Schafer, Georg Anton von (1824/2007): O Brasil como um império independente: analisado sob o aspecto histórico, mercantilístico e político. Santa Maria: Editora UFSM.
Sewell Jr., William (2008): “Crooked lines”, American Historical Review Forum. Geoff Eley’s A Crooked Line 113, 3-14.
Sharpe, Jim (1992): “A história vista de baixo”, em Peter Burke (ed.), A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: EDUNESP, 40-102.
Stone, Lawrence (1971): “Prosopography”, Daedalus 100, 46-79.
Weinreich, Uriel / William Labov / Marvin Herzog (1968/2006): Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola.