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Marleine Paula Marcondes e Ferreira de Toledo
Universidade de São Paulo (USP), Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)
Brasil
No 45 (2011), Estudos
Recibido: 10-05-2012 Aceptado: 10-05-2012 Publicado: 10-05-2012
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Resumo

Um confronto entre Pornografia, da poeta galega Lupe Gómez, eMagma, da brasileira Olga Savary, mostra que a primeira quer sersubstantivamente pornógrafa e a última, erógrafa. Lupe, numacatarse a seu modo, expõe-se, coisifica-se, vende-se, machuca-se.Olga é toda sensualidade, gozo, êxtase. A ambas pode-se e não sepode aplicar o dístico de Manuel Bandeira: “Porque os corpos seentendem / mas as almas não”. Aplica-se a Olga, porque é umapoeta quase nada contemplativa, mas não se aplica, porque emseus versos não é apenas o corpo que goza, mas a pessoa inteira.Aplica-se a Lupe devido à carnalidade de seus versos, porém nãose aplica, porque neles não há entendimento entre os amantes, masmútua agressão. Olga transita do éros para o pórnos, mas nãoconsegue desvencilhar-se do envolvimento passional, e faz que opórnos acabe pondo-se a serviço do éros. Por outro lado, em Lupehá irrupções do éros em meio ao pórnos, configurando um conflitointerior, uma profunda dor. Um balanço final mostra a vitória doéros, que, para Platão, é a força propulsora que conduz o homema seu anseio mais profundo: o Bem, o Justo, o Belo. Lupe Gómez eOlga Savary, como todos os poetas, por meio do eros, contemplama “beleza em si” e transfiguram-na em seus versos.

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