Núm. 45 (2011), Estudios
Recibido: 10-05-2012
Aceptado: 10-05-2012
Publicado: 10-05-2012
Filho de galegos imigrados em Lisboa, Alfredo Guisado foi um dosprincipais amigos e colaboradores de Fernando Pessoa, tendo sidoum dos fundadores da revista Orpheu, o primeiro órgão daVanguarda portuguesa. Foi também um dos primeiros (e durantealgum tempo dos únicos) a conhecer o segredo da heteronímiapessoana. Os poemas e os livros que publicou nos anos em queesteve ligado ao Modernismo português contam-se entre os maisrepresentativos dos vários ramos do movimento órfico: o Paulismo,o Interseccionismo, o Sensacionismo. “O Guisado tem feito ultimamenteextraordinárias e inesperadas coisas, versos ofuscantementebelos”, escreveu Fernando Pessoa numa carta a Côrtes-Rodrigues,em Março de 1915. Mas Guisado manteve sempre uma forteligação à Galiza rural, onde passava sempre as suas férias deverão, e quando decide ser também poeta de língua galega (Xented’a aldea, Lisboa, 1921), os seus versos serão completamente diferentesdaqueles que escrevia na sua cidade natal. O nefelibata dasmargens do Tejo muda de personalidade ao cruzar o Minho e transforma-se num poeta popular, que canta o dia a dia das gentes daaldeia galega (a lareira, os trabalhos rurais, o enterro, a procissão).O registo esteticista dos versos de Lisboa é substituído pelo tom coloquialcaracterístico da poesia do Rexurdimento galego; o desdémaltivo do poeta órfico dá lugar ao compromisso político com a causagaleguista, anunciando o advento do intelectual e do jornalista quefaria história na oposição ao regime de Salazar.
Galiza, modernismo, nacionalismo, Portugal, vanguarda