Piccadilly Circus e a poética do não-lugar Reflexões sobre poesia e espaço a partir da leitura de um poema de Mário Cesariny
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Resumo
Se o vínculo entre a literatura em prosa e o lugar tem sido, e continua a ser, objeto de ampla análise e teorização, ainda parece ser pouca a atenção dada ao papel– ou aos múltiplos papéis– que o espaço ocupa na literatura em versos. Poesia e espaço são, pois, o foco principal deste artigo, que pretende refletir sobre a importância do lugar na poesia de Mário Cesariny. Elemento recorrente na sua obra, de facto, o espaço urbano regressa nos poemas do poeta surrealista remodelados num amplo espectro de significados e funções distintas. Longe de ser exaustiva, será apresentada uma leitura do poema Piccadilly Circus, em que o lugar origina e justifica a experiência poética. Seguindo então os fios que o autor parece tecer no texto com referências intertextuais mais ou menos explícitas, relacionar-se-á a conceção de espaço de Cesarini com as reflexões sobre o lugar feitas por Marc Augé, o principal teórico do conceito sociológico de não-lugar.
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Citas
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