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Fernando Brissos
Universidade de Lisboa
Portugal
2018: Número especial, Pescuda, páxinas 193-208
DOI https://doi.org/10.15304/elg.ve1.3560
Recibido: 08-09-2016 Aceptado: 15-05-2017 Publicado: 09-02-2018
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Resumo

Brissos / Rodrigues (2016) apresentam dados acústicos que sugerem a reformulação, em vários aspetos fundamentais, da imagem que nos tem sido legada sobre uma das variedades dialetais mais idiossincráticas do português: a variedade do Baixo Minho e Douro Litoral da proposta de classificação dos dialetos portugueses de Cintra (1983). Para se poder rever aquela imagem, os dados de Brissos / Rodrigues necessitam, porém, de ser testados à luz do confronto com uma rede densa de inquéritos. Levamos a cabo esse confronto neste artigo, chegando a uma proposta de reformulação da variedade dialetal do noroeste português assente em três pilares: a área da variedade é muito mais estendida do que é referido tradicionalmente; o traço identificador da variedade, a ditongação de vogais tónicas, deixa apenas de fora as vogais cardinais; existe ditongação não apenas com semivogais altas mas também com semivogais não-altas centrais. Daí resulta a primeira revisão concreta da proposta de Cintra, procedimento que defendemos ser importante introduzir nos estudos dialetais do português. Desse novo quadro resulta, por sua vez, um novo posicionamento de algumas questões essenciais de história e fonética/fonologia da língua portuguesa.

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