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Dante Lucchesi
Universidade Federal da Bahia / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Brasil
Vol. 4 (2012), Pescuda
Recibido: 17-09-2012 Aceptado: 17-09-2012
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Resumen

Hoje a grande maioria dos falantes da língua portuguesa não se encontra no território onde esse idioma se formou, mas no Brasil, a grande colônia de Portugal até o ínicio do século XIX. Ao se espealhar pelo mundo, o português entrou em contato massivo com centenas de outras línguas, chegando a gerar nesse processo uma parcela significativa das línguas crioulas hoje conhecidas no mundo. Na colonização do Brasil, houve contextos favoráveis à crioulização, mas inexistem registros históricos de variedades crioulizadas do português no Brasil. Isso não significa que o contato entre línguas não esteja na base da notável diferenciação da língua portuguesa no Brasil frente a sua congênere de Portugal. Partindo da polarização sociolinguística que caracteriza atualmente a realidade linguística do Brasil, este artigo busca explicar a formação das variedades populares do português brasileiro através do conceito de transmissão linguística irregular de tipo leve. O contato do português com as línguas indígenas e africanas no Brasil não foi suficiente para gerar línguas crioulas, mas foi suficiente para produzir um amplo processo de erosão morfológica na variedade da língua portuguesa adotada por índio-descendentes e afro-descendentes. Essa explicação da formação das variedades do português brasileiro baseada nos contextos sócio-históricos do contato entre línguas refuta a tradicional explicação imanentista, que se apóia na visão de tendências internas ao sistema linguístico. Resultados de análises sociolinguísticas de aspectos da morfossintaxe do português brasileiro são apresentados para fundamentar empiricamente as hipóteses formuladas a partir dessa perspectiva teórica.

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Referencias

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