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Maria José S. Pereira Carvalho
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra CELGA-ILTEC
Portugal
http://orcid.org/0000-0002-7383-9910
Biografía
Vol 10 (2018), Pescuda, páxinas 41-54
DOI https://doi.org/10.15304/elg.10.4538
Recibido: 07-01-2018 Aceptado: 14-04-2018 Publicado: 01-08-2018
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Resumo

Através do estudo de um corpus medieval (Carvalho 2017), analisam-se, neste artigo, alguns fenómenos de variação e de mudança envolvidos na trajetória histórica dos ditongos decrescentes orais (primários ou secundários) [aw], [aj], [ej] e [ow], salientando-se alguns processos de manutenção, fechamento, redução e criação, no seu percurso evolutivo. Mostra-se como, em algumas unidades lexicais, os ditongos se mantiveram durante todo o período medieval, afastando-se da norma atual (contrauto, p. ex.) e, em outros casos, se registou tardiamente a tendência para a redução, mesmo em formas hoje ditas cultas, que o vieram a recuperar (clasula, p. ex.). Apresentam-se, igualmente, fenómenos de variação -airo/-ario, que poderão contribuir para a complexificação da noção de “cultismo”, bem como casos de mudança irreversível, com balizas cronológicas precisas, em formas proparoxítonas (sabham > saibam). No caso de [ej] e [ow], serão fornecidas numerosas abonações que contribuem para fazer recuar a cronologia da monotongação para três ou quatro séculos relativamente à que é referida por Paul Teyssier (1980). Referir-nos-emos, igualmente, à variação oi ~ ui (froyto ~ fruito, por exemplo), existente no galego comum mas com marcos cronológicos delineados (a favor de ui > u), na nossa coleção. Mostraremos, finalmente, que casos de antecipação de semivogal w (augua) bem como de redução no ditongo crescente wa (agardar), que caracterizam o galego bem como algumas variedades sociais do português, se encontram igualmente representadas nos documentos da zona centro-litoral portuguesa em causa.

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Citas

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