Resumo

Neste artigo, é feita uma avaliação do uso das orações gerundivas adnominais em português, com observação e discussão de restrições distribucionais, predominantemente de natureza semântica. O foco é a variedade padrão do português europeu contemporâneo, ainda que seja também tido em conta, de forma marginal, o português brasileiro. São usados sistematicamente corpora eletrónicos de texto jornalístico para avaliar (e quantificar) o uso das orações em causa, que tem sido frequentemente condenado em instrumentos de normalização linguística conservadores. Conclui-se que o uso de gerúndios adnominais está muito generalizado com certos grupos de verbos (e.g. envolvendo, aparentando, contendo), mas esse uso não se generalizou a todos os verbos, mesmo dentro de grupos de algum modo afins, apreciando-se restrições e fenómenos de instabilidade típicos da mudança linguística. São ainda discutidas diferenças semânticas e sintáticas curiosas entre as orações gerundivas adnominais – quer restritivas quer apositivas – e aquelas de que elas são mais próximas: as orações relativas (restritivas e apositivas).