Contido principal do artigo

Luís Filipe Cunha
Faculdade de Letras da Universidade do Porto / Centro de Linguística da Universidade do Porto
Portugal
https://orcid.org/0000-0002-1748-1053
Biografía
Vol 13 (2021), Pescuda, páxinas 29-66
DOI https://doi.org/10.15304/elg.13.6463
Recibido: 16-12-2019 Aceptado: 02-10-2020 Publicado: 29-07-2021
Copyright Como citar

Resumo

O objetivo central do presente trabalho é o de discutir algumas das propriedades temporais que caracterizam o Futuro Simples em Português Europeu. Começaremos por demonstrar que, embora este tempo gramatical veicule frequentemente informação de cariz modal, existem inúmeros contextos em que a sua função é claramente a de localizar uma situação num intervalo futuro. Nesse sentido, discutiremos algumas propostas de análise para o Futuro Simples que nos permitam dar conta das suas propriedades temporais. Assumiremos que o referido tempo gramatical exprime tipicamente uma relação de posterioridade no que diz respeito ao momento da enunciação. Uma tal abordagem permite-nos dar conta não apenas dos casos de mera localização das eventualidades no eixo temporal, mas também das restrições aspetuais a que a designada leitura conjetural do Futuro Simples está sujeita. Finalmente, estabeleceremos uma comparação sistemática entre as propriedades temporais do Futuro Simples e da construção ir (no Presente do Indicativo) + Infinitivo, sustentando a ideia de que esta última apresenta restrições adicionais a nível temporal – em particular, a imposição de uma fronteira posterior a t0 para além da qual as situações não se poderiam estender –, o que explicaria a total impossibilidade da sua comparência em configurações de sobreposição ao momento da enunciação, mesmo quando estão em causa predicações estativas.

Citado por

Detalles do artigo

Citas

Alarcos Llorach, Emilio. 1961. La forme cantaría en espagnol: mode, temps et aspect. Em Actas del IX Congreso Internacional de Lingüística Românica, 1: 203-212. Lisboa: Centro de estudos filológicos. (Republicado em Estudios de gramática funcional del español com o título “Cantaría: modo, tiempo y aspecto”, 106-119).

Alarcos Llorach, Emilio. 1972. Estudios de gramática funcional del español. Madrid: Gredos.

Alarcos Llorach, Emilio. 1994. Gramática de la lengua española. Madrid: Real Academia Española / Espasa Calpe.

Anand, Pranav & Valentine Hacquard. 2009. The role of the imperfect in Romance counterfactuals. Proceedings of Sinn und Bedeutung 14, 37-50. https://ojs.ub.uni-konstanz.de/sub/index.php/sub/article/view/458

Arregui, Ana, María Luisa Rivero & Andrés Salanova. 2014. Cross-linguistic variation in imperfectivity. Natural Language & Linguistic Theory 32 (2), 307-362. https://doi.org/10.1007/s11049-013-9226-4

Bello, Andrés. 1847/1988. Gramática de la lengua castellana destinada al uso de los americanos. Madrid: Arco Libros.

Bertinetto, Pier Marco & Alessandro Lenci. 2012. Habituality, pluractionality, and gnomic imperfectivity. Em Robert Binnick (ed.), Oxford handbook of Tense and Aspect. 852-880. Oxford: Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780195381979.013.0030

Binnick, Robert. 1991. Time and the Verb. A Guide to Tense and Aspect. Oxford / Nova York: Oxford University Press.

Bravo Martín, Ana. 2008. La perífrasis "ir a + Infinitivo" en el sistema temporal y aspectual del Español. Madrid: Universidad Complutense de Madrid. (Dissertação de Doutoramento).

Brocardo, Maria Teresa. 2018. Usos epistémicos de «haver» e «ter» em português antigo. Revue de Linguistique Romane 82, 353-376.

Bull, William E. 1960. Time, Tense and the Verb. A Study in Theoretical and Applied Linguistics, with Particular Attention to Spanish. Berkeley: University of California Press.

Chierchia, Gennaro. 1995. Individual-level predicates as inherent generics. Em Greg Carlson & François Pelletier (eds.), The Generic Book. 176-223. Chicago: the University of Chicago Press.

Cipria, Alicia & Craige Roberts. 2000. Spanish imperfect and pretérito: truth conditions and aktionsart effects in a Situation Semantics. Natural Language Semantics 8 (4), 297-347. https://doi.org/10.1023/A:1011202000582

Condoravdi, Cleo. 2003. Moods and modalities for will and would. Comunicação apresentada ao Colóquio de Amsterdão.

Copley, Bridget. 2009. The Semantics of the Future. New York: Routledge Outstanding Dissertations in Linguistics. https://doi.org/10.4324/9780203880258

Cunha, Celso & Lindley Cintra. 1984. Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Edições Sá da Costa.

Cunha, Luís Filipe. 1998. As Construções com Progressivo no Português: uma Abordagem Semântica. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. (Dissertação de Mestrado).

Cunha, Luís Filipe. 2006. Frequência vs. habitualidade: distinções e convergências. Em Actas del XXXV Simpósio Internacional de la Sociedad Española de Lingüística. 333-357. León: SEL. http://www3.unileon.es/dp/dfh/SEL/actas/Cunha.pdf

Cunha, Luís Filipe. 2007. Semântica das Predicações Estativas: para uma Caracterização Aspectual dos Estados. Munique: Lincom Europa.

Cunha, Luís Filipe. 2013. Aspeto. Em Eduardo Paiva Raposo, Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, Maria Antónia Mota, Luísa Segura & Amália Mendes (orgs.), Gramática do Português, Vol. I, Cap. 17. 585-622. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Cunha, Luís Filipe. 2015. Some remarks on the semantics of ir (‘go’) + Infinitive in European Portuguese. Journal of Advances in Linguistics 5 (3), 787-804. https://doi.org/10.24297/jal.v5i3.2866

Cunha, Luís Filipe. 2019. O Futuro Simples em Português Europeu: entre a temporalidade e a modalidade. Linguística – Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto 14 (1), 35-68.

Dendale, Patrick. 2001. Le futur conjectural versus devoir épistémique: différences de valeur et restrictions d'emploi. Le Français Moderne 69 (1), 1-20.

Dowty, David. 1979. Word meaning and Montague grammar. Dordrecht: Reidel Publishing Company. https://doi.org/10.1007/978-94-009-9473-7

Escandell-Vidal, María Victoria. 2010. Futuro y evidencialidad. Anuario de Lingüística Hispánica, XXVI. 9-34. Valladolid: Universidad de Valladolid.

Escandell-Vidal, Maria Victoria. 2014. Evidential futures. The Case of Spanish. Em Philippe de Brabanter, Mikhail Kissine & Saghie Sharifzadeh (eds.), Future Tense(s), Future Time(s). 219-246. Oxford: Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199679157.003.0010

Escandell-Vidal, María Victoria. 2018. El futuro simple del español. Sistema natural frente a usos cultivados. Verba Hispánica XXVI - Pragmática Intercultural, Social y Cognitiva: 15. https://doi.org/10.4312/vh.26.1.15-33

Falaus, Anamaria & Brenda Laca. 2014. Les formes de l’incertitude. Le futur de conjecture en espagnol et le présomptif futur en roumain. Revue de linguistique romane 78, 313-366.

Fleischman, Suzanne. 1982. The future in thought and language. Cambridge: Cambridge University Press.

Gennari, Silvia. 2000. Semantics and pragmatics of future tenses in Spanish. Em Héctor Campos, Elena Herburger, Alfonso Morales-Front & Thomas J. Walsh (eds.) Hispanic Linguistics at the Turn of the Millennium: Papers from the 3rd Hispanic Linguistics Symposium. 264-281. Somerville: Cascadilla Press.

Gennari, Silvia. 2002. Spanish past and future tenses: Less (semantics) is more. Em Javier Gutiérrez-Rexarch (ed.), From Words to Discourse: Trends in Spanish Semantics and Pragmatics. 21-36. Oxford: Elsevier.

Giannakidou, Anastasia. 2014. The futurity of the present and the modality of the future: a commentary on Broekhuis and Verkuyl. Natural Language & Linguistic Theory 32 (3), 1011-1032. https://doi.org/10.1007/s11049-014-9234-z

Giannakidou, Anastasia & Alda Mari. 2013. A two dimensional analysis of the future: modal adverbs and speaker's bias. Em Maria Aloni, Michael Frank & Floris Roelofsen (eds.), Proceedings of the 19th Amsterdam Colloquium 2013, 115-122.

Giannakidou, Anastasia & Alda Mari. 2018. A unified analysis of the future as epistemic modality. Natural Language & Linguistic Theory 36 (1), 85-129. https://doi.org/10.1007/s11049-017-9366-z

Giomi, Riccardo. 2010. Para uma caracterização semântica do futuro sintético românico: Descrição e análise dos valores do futuro do indicativo em Português e em Italiano.Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. (Dissertação de Mestrado).

Ippolito, Michela. 2004. Imperfect modality. Em Jacqueline Guéron & Jacqueline Lecarme (eds.), The syntax of time. 359-387. Cambridge, MA: MIT Press.

Kamp, Hans & Christien Rohrer. 1983. Tense in texts. Em Rainer Bauerle, Christoph Schwarze & Arnim von Stechow (eds.), Meaning, Use and Interpretation of Language. 250-269. Berlim: Walter de Gruyter.

Kamp, Hans & Uwe Reyle. 1993. From discourse to logic. Introduction to model-theoretic semantics of natural language, formal logic and discourse representation theory. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.

Kornfeld, Laura Malena. 2014. Lecturas alternativas del futuro. Usos y significados de la perífrasis ir a + infinitivo. Traslaciones 1 (1), 8-29.

Laca, Brenda. 2016. Variación y semántica de los tiempos verbales: el caso del futuro. (Documento de trabalho dosponível em linha em https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-01533046/)

Lenci, Alessandro. 1995. The semantic representation of non-quantificational habituals. Em Pier Marco Bertinetto, V. Bianchi, James Higginbotham & Mario Squartini (eds.), Temporal reference, aspect and actionality, Vol. 1: semantic and syntactic perspectives. 143-158. Torino: Rosenberg & Sellier.

Lenci, Alessandro & Pier Marco Bertinetto. 2000. Aspects, adverbs, and events: habituality vs. perfectivity. Em James Higginbotham, Fabio Pianesi & Achille C. Varzi (eds.), Speaking of events. 245-287. Nova York / Oxford: Oxford University Press.

Lima, José Pinto de. 2001. Sobre a génese e a evolução do futuro com ir em Português. Em Augusto Soares da Silva (org.), Linguagem e cognição. A perspectiva da linguística cognitiva. 119-145. Braga: Associação Portuguesa de Linguística / Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de Filosofia de Braga.

Mari, Alda. 2009. Disambiguating the Italian future. Em Proceedings of The Generative Lexicon. Pisa. 209-216. <https://dokuwiki.ilc.cnr.it/sites/default/files/GL2009_Proceedings.pdf#page=223>.

Martin, Robert. 1981. Le futur linguistique: temps linéaire ou temps ramifié? (à propos du futur et du conditionnel français). Langages 64, 81-92. https://doi.org/10.3406/lgge.1981.1886

Moens, Marc. 1987. Tense, Aspect and Temporal Reference. Edimburgo: Universidade de Edimburgo. (Dissertação de Doutoramento).

Móia, Telmo. 2017. Aspetos da gramaticalização de ir como verbo auxiliar temporal. Revista da Associação Portuguesa de Linguística 3, 213-239.

Oliveira, Fátima. 1986. O Futuro em Português: alguns aspectos temporais e/ou modais. Em Actas do I Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. 353-374. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística.

Oliveira, Fátima. 1987. Algumas considerações acerca do Pretérito Imperfeito. Em Actas do 2.º Encontro da Associação Portuguesa de Linguística. 78-96. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística.

Oliveira, Fátima. 2013. Tempo verbal. Em Eduardo Paiva Raposo, Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, Maria Antónia Coelho da Mota, Luísa Segura & Amália Mendes (orgs.), Gramática do Português, Vol I, Cap. 15. 509-553. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Oliveira, Fátima & Ana Cristina Macário Lopes. 1995. Tense and aspect in Portuguese. Em Rolf Thieroff (ed.), Tense systems in European languages, Vol II. 95-115. Tübingen: Niemeyer.

Palmer, Frank Robert. 1986. Mood and Modality. Cambridge: Cambridge University Press.

Portner, Paul. 2009. Modality. Oxford: Oxford University Press.

Reichenbach, Hans. 1947. Elements of Symbolic Logic. Londres: MacMillan.

Rocci, Andrea. 2000. L’interprétation épistémique du futur en italien et en français: une analyse procédurale. Cahiers de linguistique française 22, 241-274.

Rojo, Guillermo. 1974. La temporalidad verbal en español. Verba 1, 68-149.

Rojo, Guillermo & Alejandro Veiga. 1999. El tiempo verbal. Los tiempos simples. Em Ignacio Bosque & Violeta Demonte (orgs.) Gramática descriptiva de la lengua española. 2867-2934. Madrid: Espasa Calpe.

Sarkar, Anoop. 1998. The conflict between future tense and modality: the case of will in English. 5 (2). https://repository.upenn.edu/pwpl/vol5/iss2/6

Silva, Ademar. 1997. A Expressão da Futuridade na Língua Falada. Campinas, São Paulo: Universidade Estadual de Campinas – Instituto de Estudos da Linguagem. (Dissertação de doutoramento).

Smith, Carlota S. 1991. The Parameter of Aspect, Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.

Soto, Guillermo. 2008. Sobre el llamado futuro de probabilidad. Algunas condiciones del valor modal de –. Boletín de Filología 43 (1), 193-206.

Squartini, Mario & Pier Marco Bertinetto. 2000. The simple and compound past in Romance languages. Em Östen Dahl (ed.), Tense and Aspect in the Languages of Europe. Empirical Approaches to Language Typology. 403-440. Berlim: Mouton de Gruyter. https://doi.org/10.1515/9783110197099.3.403

Stage, Lilian. 2002. Les modalités épistémique et déontique dans les énoncés au futur (simple et composé). Revue Romane 37 (1), 44-66.

de Swart, Henriètte. 1998. Aspect shift and coercion. Natural Language & Linguistic Theory 16 (2), 347-385. https://doi.org/10.1023/A:1005916004600

Vendler, Zeno. 1967. Linguistics in Philosophy. Nova York: Cornell University Press. https://doi.org/10.7591/9781501743726

Vet, Co. 1994. Future tense and discourse representation. Em Co Vet & Carl Vetters (eds.), Tense and Aspects in Discourse. 49-76. Berlim / Nova York: Mouton de Gruyter. https://doi.org/10.1515/9783110902617