Contido principal do artigo

Lílian Teixeira de Sousa
Universidade Federal da Bahia
Brasil
2018: Número especial, Pescuda, páxinas 123-138
DOI https://doi.org/10.15304/elg.ve1.3688
Recibido: 27-10-2016 Aceptado: 15-05-2017 Publicado: 09-02-2018
Copyright Como citar

Resumo

O Português Brasileiro (PB) apresenta três estruturas distintas para expressar negação sentencial: Neg1 – [Neg VP Neg], para negação de evento; Neg2 - [Neg VP Neg], para negação de proposição e, finalmente, Neg3 - [VP Neg], para negação metalinguística. A distinção estrutural entre os diferentes tipos de negação semântica é bastante rara nas línguas naturais e não está presente em outras variedades do português, o que nos faz questionar sobre as origens desta distinção no PB. Enquanto alguns trabalhos sustentam a hipótese de contato, outros afirmam que a estrutura inovadora Neg2 já aparecia em textos do século XVI, portanto, anterior ao processo de contato linguístico durante o período colonial. Dentre as hipóteses que apontam uma possível mudança de interpretação de uma estrutura já presente na língua está o de Teixeira de Sousa (2012b) que supõe ter havido competição de gramáticas envolvendo Neg1 e Neg2, resultando na especialização funcional das estruturas. Como evidenciamos neste trabalho, no entanto, os primeiros dados registrados de Neg2, retirados de peças de teatro do século XIX, mostram que essa estrutura nunca foi usada nos mesmos contextos e com a mesma função de Neg1, o que indica que a origem da estrutura não pode ser atribuída a competição entre Neg1 e Neg2.

Citado por

Detalles do artigo

Citas

Alkmim, Mônica (2001): As negativas sentenciais no dialeto mineiro: uma abordagem variacionista. Tese (Doutorado em Linguística), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

Biberauer, Theresa; Cyrino, Sonia (2009): “Appearances are deceptive: Jespersen’s cycle from the perspective of the Romania Nova and Romance based Creoles”. Palestra apresentada en Going Romance, 23. Nice.

Castro, Yeda Pessoa de (2002): A língua mina-jeje no Brasil: um falar africano em Ouro Preto do século XVIII. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro.

Dahl, Östen (1979): “Typology of sentence negation”. Linguistics 17 (1-2), 79-106.

Fernandes, Gonçalo (2015): “A Lingua Geral de Mina (1731/1741), de Antonio de Costa Peixoto”. Confluência 49, 28-46.

Geurts, B. (1998): “The mechanisms of denial”. Language, 74, 274-307.

Horn, Laurence (1989/2001): A natural history of negation. Stanford: CSLI.

Kroch, Antony (1989): “Reflexes of grammar in patterns of language change”. Language variation and change 1,199-244.

Kroch, Antony (1994): “Morphosyntatic variation”, in K. Beals (ed.): Proceedings of thirtieth annual meeting of the Chicago Language Society 2. Chicago: Chicago Linguistic Society,108-201.

Lefebvre, Claire / Brousseau, Anne Marie (2002): A grammar of Fongbe. Berlin / New York: Mouton de Gruyter.

Martins, Ana Maria (2010): “Negação metalinguística (lá, cá e agora)”, in Ana Maria Brito et al. (eds.): Atas do XXV encontro da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística, 567-587.

Martins, Ana Maria (2013): “Emphatic polarity in European Portuguese and beyond”. Lingua 128, 95-123.

Negrão, Esmeralda V. (2002): “Distributividade e Genericidade nos sintagmas introduzidos por CADA e TODOS”. Revista do Gel 1, 87-89.

Pinto, Clara (2010): Negação metalinguística e estruturas com ‘nada’ no português europeu. Dissertação (Mestrado em Linguística) Universidade de Lisboa.

Poletto, Cecília (2008): “On negative doubling”. La negazione: variazione dialettale ed evoluzione diacronica. Quaderni di Lavoro ASIt 8, 57-84.

Rajagopalan, Kanavillil (1982): Negation and denial. A study in the theory of speech acts. Tese (Doutorado em Linguística) Universidade Católica de São Paulo.

Ramchand, Gillian (2004): “Two types of negation in Bengali”, in V. Dayal, A. Mahajan (eds.): Clause structure in South Asian languages. Dordrecht: Kluwer, 39-66.

Ramchand, Gillian (1997): Aspect and predication. Oxford: Oxford University Press.

Roberts, Ian (2007): Diachornic syntax. Oxford / New York: Oxford University Press.

Rodrigues, Aryon Dall’Igna (1996): “As línguas gerais sul-americanas”. Papia: Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares 4 (2), 6-18.

Rodrigues, Aryon Dall’Igna (2003): “Obra nova da língua geral de mina: a língua ewe nas Minas Gerais”. Papia: Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares 13, 92-96.

Said Ali, M. (1964): Gramática histórica da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Melhoramentos.

Schwegler, Armin (1991): “Predicate negation in contemporary Brazilian Portuguese: a linguistic change in progress”. Orbis 34 (1-2), 187-214.

Schwenter, Scott (2005): “The pragmatics of negation in Brazilian Portuguese”. Lingua 115, 1427-1456.

Seixas, Vivian Canella / Monica G. R. Alkmim (2013): “A negação sentencial em textos de autores brasileiros dos séculos XVIII e XIX: Considerações sobre implementação, transição e origem da estrutura [Não V Não]”. Veredas 17 (2), 83-113.

Teixeira de Sousa, Lílian (2012a). Syntax and interpretation of sentential negation in Brazilian Portuguese. Tese (Doutorado em Linguística) Universidade Estadual de Campinas.

Teixeira de Sousa, Lílian (2012b): “A negação sentencial e o efeito de bloqueio no português brasileiro”. Recorte 9, 1-18.

Teixeira de Sousa, Lílian (2015): “Three types of negation in Brazilian Portuguese”. Lingua 159, 27-46.


Corpora

Alencar, José de (1931): Azas de um anjo. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00983. [30/09/2015].

Alencar, José de (1868): A expiação. In: Biblioteca Brasiliana USP. http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/00177200#page/1/mode/1up [30/09/2015].

Alencar, José de (1858): O demônio familiar. In: Biblioteca Brasiliana USP. http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/00176200#page/1/mode/1up [30/09/2015].

Baião, Isis (1987): Doces fragmentos de loucura. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00396 [30/09/2015].

Gomes, Roberto (1973): A casa fechada. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00461 [30/09/2015].

Magalhães, José Gonçalves de (1839): O poeta e a inquisição. In: Biblioteca Brasiliana USP. http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/01087000#page/1/mode/1up [30/09/2015].

Mesquita, Alfredo (1942): Os priamidas. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio.

Muniz, Lauro César (1985): Direita, volver. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00505 [30/09/2015].

Muniz, Lauro César (1981): O santo milagroso. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00555 [30/09/2015].

Pena, Martins (1846): As desgraças de uma criança. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=-TT00144 [30/09/2015].

Pena, Martins (1875): O jesuíta. In: Biblioteca Nacional. http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/o_juiz_de_paz_da_roca.pdf [30/09/2015].

Pena, Martins (1842): O juiz de paz na roça. In: Biblioteca Nacional. http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/o_juiz_de_paz_ da_roca.pdf [30/09/2015].

Pena, Martins (1853): O noviço. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00422. [30/09/2015].

Pena, Martins (1845): O terrível capitão do mato. In: Biblioteca digital de peças teatrais. http://www.bdteatro.ufu.br/download.php?pid=TT00154 [30/09/2015].

Peixoto, António da Costa (1944): Obra nova de língua geral de Mina de António da Costa Peixoto: Manuscrito da Biblioteca Pública de Évora publicado e apresentado por Luís Silveira. Lisboa: Agência Geral das Colónias.

Resende, Severiano Nunes Cardoso de (1917): A virgem mártir de Santarém. (manuscrito)

Viegas, José (1930): São João Del Rei, falada, musicada, sincronizada e cantada! (manuscrito)