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Edson Galvão Maia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
Brasil
Biografía
2018: Número especial, Pescuda, páxinas 219-236
DOI https://doi.org/10.15304/elg.ve1.3593
Recibido: 17-09-2016 Aceptado: 15-05-2017 Publicado: 09-02-2018
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Resumo

Estudos variacionistas apontam que o fonema /S/ em contexto de coda silábica apresenta grande variação no português brasileiro. A variante alveolar tem ocupado posição de destaque na maioria das regiões do país, ao lado da variante alveopalatal, também bastante difundida. Porém, registram-se ainda o enfraquecimento da consoante, que passa a se realizar como glotal, e até mesmo o apagamento da coda. Tais variantes são geralmente atribuídas à fala de pessoas com pouca instrução, de classes baixas ou de regiões menos desenvolvidas. Em pesquisa dialetológica realizada em três municípios do sul do Amazonas – Boca do Acre, Lábrea e Tapauá – observou-se a variante glotal em mais de 12% dos dados coletados, porém notou-se que o enfraquecimento se dá em determinados contextos, principalmente anterior a uma consoante lateral, nasal ou africada (desligar [deɦliˈɡah], mesmo [ˈmeɦmʊ] e leste [ˈlɛhtʃ]). Essa pesquisa considerou as respostas ao Questionário Fonético-fonológico que tratam exclusivamente do fonema /S/ em coda silábica. Foram investigados 18 informantes de ambos os sexos e de três faixas etárias diferentes. Quanto ao enfraquecimento do fonema pesquisado, notou-se que está relacionado aos estudos da sonoridade. Observou-se que quanto mais sonoro o segmento seguinte mais enfraquecido se torna o fonema em estudo, tendendo à realização glotal e quanto menos sonoro o segmento seguinte mais aparente o fonema em estudo, privilegiando, para este caso, a variante alveopalatal. Com exceção da localidade, as variáveis sociais consideradas mostraram-se irrelevantes para a investigação deste fenômeno. Todavia, é notória a relevância da variável linguística contexto subsequente para a realização do /S/ em coda silábica nas localidades investigadas.

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