Género e voyeurismo desmontado: quem olha para quem no cinema experimental de Andy Warhol, Yoko Ono e Julião Sarmento?
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Resumo
Como o cinema experimental desmonta o voyeurismo? E quais as implicações políticas envolvidas nesta estratégia a partir de diferentes posições de género?
Fly (1970), de Yoko Ono, questiona o papel da mulher enquanto objecto passivo mediante um intruso ‘masculino’ simulado por uma mosca; Blowjob (1964), de Andy Warhol, explorando a vulnerabilidade de um homem sexualmente excitado, responsabiliza o espectador pela compulsão do olhar; e em Cópias (1975), de Julião Sarmento, o realizador-voyeur surge no final do filme, abandonando o seu espaço-sombra para se assumir como exibicionista.
Não obstante tratar-se de uma crítica associada à perspectiva feminista, o presente artigo argumenta que a desmontagem do voyeurismo feita pelo cinema experimental dos anos 1960-1970 tem importantes contra-exemplos do lado masculino, tanto na vertente queer como na heterossexual. Warhol e Sarmento permitem rever uma teoria feminista ortodoxa presa a posições binárias (masculino/feminino, actividade/passividade, olhar/ser olhado, voyeur/exibicionista, sujeito/objecto), mostrando que a questão do voyeurismo é bem mais ambivalente, heterodoxa e complexa.
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