As cheias do rio Douro no Porto (Portugal) do Século XVIII
Contido principal do artigo
Resumo
As cheias do rio Douro ocorridas no século XVIII, na sua foz, na cidade do Porto, permitem fazer uma dupla aproximação à história do clima. Por um lado, procede-se a uma análise serial dos anos de cheias, da sua distribuição cronológica, frequência, duração, fenómenos meteorológicos associados e respetivos impactos, aplicando modelos de tratamento de informação utilizados em alguns estudos mais recentes, aferidores das intensidades das cheias. Por outro, entende-se como valores, crenças, atitudes, conhecimentos refletem perceções diferentes dos eventos, entre sensações de vulnerabilidade, aprendizagem e de mudança. A análise de informação coeva, como sejam, fontes cartográficas, eclesiásticas e municipais, assim como o testemunho de um mercador, ao longo de anos sucessivos (1717-1800), permitirá reconstituir a dimensão do fenómeno e compará-la com contextos climáticos de outros espaços geográficos. Conclui-se que a posição do informador, a fragilidade e, em simultâneo, a potência da informação é uma construção social.