Fugitividade na cidade patrimonial: a Perícia Popular no Centro Histórico de Salvador, Bahia
Contenido principal del artículo
Resumen
A Perícia Popular no Centro Histórico de Salvador foi um espaço de colaboração urbana desenvolvido, entre 2016 e 2019, na cidade de Salvador, Bahia (Brasil). Inspirada nas ideias de "estudo negro" e "planejamento fugitivo" de Harney & Moten (2013), esta iniciativa de experimentação coletiva veio à tona através de uma parceria entre a Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico de Salvador (AMACH) e um conjunto de professores, pesquisadoras e estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Estabelecida institucionalmente como uma disciplina de extensão universitária, foi ofertada durante quatro semestres na Faculdade de Arquitetura da UFBA. Como prática investigativa, a Perícia Popular visava produzir uma avaliação coletiva –não restrita aos conhecimentos dos especialistas– que indagasse nas condições de moradia de um conjunto de habitantes do Pelourinho, nome histórico e popular com o que se conhece o Centro Histórico de Salvador. Colocando em questão as técnicas de governo da cidade e contrariando as pretensões excludentes do Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador (1992) –cujo avanço e implementação comportava a remoção da maioria da população– esses moradores conseguiram resistir ao seu despejo, conquistando o direito à moradia dentro do espaço urbano em que habitaram por décadas. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), aprovado em 2005, reconhecia aquele direito. Contudo, após 11 anos da aprovação do TAC, aquela comunidade continuava desprotegida: sem moradia estável, nem horizontes discerníveis.
Palabras clave:
Detalles del artículo
Referencias
Alonso González, P. (2014). The heritage machine: The neoliberal order and the individualisation of identity in Maragatería (Spain). Identities, 22(4), 397-415. DOI: https://doi.org/10.1080/1070289x.2014.977291
Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico e Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. (2017). Perícia Popular no Centro Histórico de Salvador. Avaliação da Implementação do TAC da 7ª Etapa. Relatório. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
Azevedo, T. de (1969). O banco da segunda metade do século XIX. In T. de Azevedo & E. Q. V. Lins (Eds.), História do Banco da Bahia, 1858-1958. Ed. Livraria José Olympio.
Baeta, R. E. (2012). O cenário Barroco revelado na conformação do espaço urbano da Salvador Colonial. In O Barroco, a Arquitetura e a Cidade nos Séculos XVII E XVIII (pp. 267-298). EDUFBA.
Bittencourt, J. M. C. D. (2011). A participação popular nos projetos públicos de intervenção urbana: o caso da 7a Etapa de Revitalização do Centro Histórico de Salvador. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
Butler, J. (2015). Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Civilização Brasileira.
Castro, M. A. A. C. (2000). O programa de recuperação. Em S. Simoes (Coord.), Centro Histórico de Salvador, Bahia: patrimônio mundial (pp. 96-119). Horizonte Geográfico.
Collins, J. (2008). A razão barroca do patrimônio baiano: contos de tesouro e histórias de ossadas no Centro Histórico de Salvador. Revista de Antropologia, 21-65.
Collins, J. (2015). Revolt of the saints: memory and redemption in the twilight of Brazilian racial democracy. University Press.
Deleuze, G. & Guattari, F. (2010). O Anti–Édipo. Capitalismo e esquizofrenia. editora 34.
Diawara, M. (2011). One World in Relation: Edouard Glissant in Conversation with Manthia Diawara. Nka Journal of Contemporary African Art, (28), 4–19. https://doi.org/10.1215/10757163-1266639.
Espinheira, G. (1971). Comunidade do Maciel. Salvador: Secretaria de Educação e Cultura, Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia.
Fernandes, A. (2006). Projeto Pelourinho: operação deportação x ampliação do direito.
Curso de Capacitação. Programas de reabilitação de áreas urbanas centrais. https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Biblioteca/ReabilitacaoAreasUrbanas/Texto_Projeto_Pelourinho_Operacao_Deportacao.pdf.
Ferraz, M. (2011). Arquitetura conversável. Azougue.
Figueiredo, G.D.S., Estévez, B. e Rosa, T. (2020). The Black city: Modernisation and fugitivities in Salvador, Bahia, Brazil. Radical Housing Journal, 2(2), 55-82. https://radicalhousingjournal.org/2020/the-black-city/
Foucault, M. (2008). Seguridad, territorio, población. Akal.
Frediani, A. A., Monson, T., & Vermehren, I. O. (Eds.). (2016). Collective Practices and the Right to the City in Salvador, Brazil: Collaborative Work Between MSc Social Development Practice, the Bartlett Development Planning Unit and Lugar Comum, Faculty of Architecture of the Universidade Federal Da Bahia. Development Planning Unit, The Bartlett, University College London.
Gordilho, A. (2000). Limites do habitar: segregação e exclusão na configuração urbana contemporânea de Salvador e perspectivas no final do século XX. Edufba.
Grinberg, K. (2018). Castigos físicos e legislação. En L. M. Schwarcz & F. S. Gomes (Eds.), Dicionário da Escravidão e da Liberdade: 50 textos críticos (pp. 144-148). Companhia das Letras.
Harney, S., & Moten, F. (2013). The undercommons: Fugitive planning and Black study. Autonomedia.
Hartman, S. (1997). Scenes of subjection. Terror, slavery, and self-making in nineteenth-century America. Oxford.
McKittrick, K. (2011) On plantations, prisons, and a black sense of place. Social & Cultural Geography, 12(8), 947-963. https://doi.org/10.1080/14649365.2011.624280
Ministério Público do Estado da Bahia (MPB). (2005). Termo de Ajustamento de Conduta. Procuradoria Geral de Justiça, 2ª Promotoria de Justiça da Cidadania.
Mombaça, J. (2020). A plantação cognitiva. MASP Afterall-Arte e Descolonização. Museu de Arte de São Paulo. https://masp.org.br/uploads/temp/temp-QYyC0FPJZWoJ7Xs8Dgp6.pdf
Moten, F. (2003). In the break. The aesthetics of the Black Radical Tradition. University of Minnesota Press.
Moten, F. (2008). The case of blackness. Criticism, 50(2), 177-218. 10.1353/crt.0.0062
Moten, F. (2016). Collective head. Women & Performance: a journal of feminist theory, 26(2-3), 162-171. https://doi.org/10.1080/0740770X.2016.1232876
Mourad, L. (2011). O processo de Gentrificação do Centro Antigo de Salvador 2000 a 2010. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da Bahia.
Nascimento, B. (1985). O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. Revista Afrodiáspora, 3(6-7), 41-49.
Ormindo de Azevedo, P. (2009). El centro histórico de Bahía revisitado. Andamios, 6(12), 95-113. http://dx.doi.org/10.29092/uacm.v6i12.136
Preciado, P. B. (2016). Ciudadanía en transición. El Estado mental. https://elestadomental.com/especiales/cambiar-de-voz/ciudadania-en-transicion.
Rancière, J. (2012). O espectador emancipado. Martins Fontes.
Raunig, G. (2018). Tecnecologías. Enmedios, midstreams, territorios subsistenciales, transversal, 03/18. https://transversal.at/transversal/0318/raunig/es
Reis, J. (1993). A greve negra de 1857 na Bahia. Revista USP, (18), 6-29. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i18p6-29
Rebouças, T. (2012). Costurando escalas: 7ª Etapa de recuperação do Centro Histótrico de Salvador, Programa Monumenta e BID. 2012. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da Bahia.
Robinson, C. (2000). Black Marxism: The Making of the Black Radical Tradition. Zed Books.
Sant’anna, M. (2008). A recuperação do Centro Histórico de Salvador: origens, sentidos e resultados. Revista de Urbanismo e Arquitetura, 6(1). https://periodicos.ufba.br/index.php/rua/article/view/3231
Sant’anna, M. (2017). A cidade-atração: a norma de preservação de áreas centrais no Brasil dos anos 1990. Edufba.
Sant'anna, M., & Andrade, N. (2016). The historic center of Salvador De Bahia. Contemporary challenges in conservation and management. Environmental Design, (1), 51-69.
Santos, J. E. F. (2014). Acervo da Laje: memória estética e artística do subúrbio ferroviário de Salvador, Bahia. Scortecci.
Silva, M. A. & Pinheiro, D. J. F. (1997). De picota a ágora. Las transformaciones del Pelourinho (Salvador, Bahía, Brasil). Anales de Geografía de la Universidad Complutense, 17, 69. https://revistas.ucm.es/index.php/AGUC/article/view/AGUC9797110069A.
Simone, A. (2017). The Black city? IJURR Blog, https://www.ijurr.org/spotlight-on/race-justice-and-the-city/the-black-city/
Simone, A. (2019). Improvised Lives: Rhythms of Endurance in an Urban South. Polity Press.
Trafí-Prats, L. (2020). Fugitive pedagogies: decolonising Black childhoods in the Anthropocene. Discourse: studies in the cultural politics of education, 41(3), 359-371. https://doi.org/10.1080/01596306.2019.1589671
Vasconcelos, P. D A. (2016). Salvador: transformações e permanências (1549-1999). Edufba.
Walker, J., Carvalho, M. B., & Diaconescu, I. (Eds.). (2020). Urban Claims and the Right to the City: Grassroots Perspectives from Salvador Da Bahia and London. UCL Press.