Resumo

A proposta ensaística interroga cinco momentos no tempo das máscaras, na sua relação entre a tradição e a contemporaneidade, mobilizadora para o entendimento do porvir. Através de uma alusão etnográfica aos felos de Maceda, na Galiza, visa encarar a posição das festas tradicionais como contemporâneas e questionar as mudanças no campo de possibilidades do ciclo de Carnaval. Localmente, convive-se com elas num formato que as populações adequaram às suas possibilidades e interesses, num tempo que foi mudando, com ajustamentos nos mecanismos de reprodução social inerentes aos diversos grupos, sem que necessariamente os lugares sociais se esbatam, numa sociedade que foi sobretudo agrícola e que agora é também agrícola. A partir de uma etnopoética que remete sobretudo para Tioira, Maceda, estabelece-se um percurso entre as teorias decadentistas em torno da festa, as perspetivas revitalizadoras e a fenda limiar que contém a alegria teimosa e a superação ritual da melancolia.