Reverberações dos espaços na escuta dos afetos: o livro pop-up pelas mãos de Anna Llenas

Dulce Melão

Reverberações dos espaços na escuta dos afetos: o livro pop-up pelas mãos de Anna Llenas

Elos: Revista de Literatura Infantil e Xuvenil, núm. 9, 2022

Universidade de Santiago de Compostela

Reverberaciones de los espacios en la escucha de los afectos: el libro pop-up de la mano de Anna Llenas

Reverberations of the spaces in the listening of affections: the pop-up book by the hands of Anna Llenas

Dulce Melão a

Escola Superior de Educação de Viseu, Portugal


Recepção: 26/07/2021

Aprovação: 21/10/2021

Resumo: Nesta reflexão procura-se dar a ler/ver o livro pop-up Gosto de ti (quase sempre) de Anna Llenas (2020), encarando-o como artefacto estético que convoca a participação dos leitores, em processos de contínua sedução. O artigo norteia-se por três objetivos principais: i) indagar o modo como os espaços reconstruídos na dupla página instigam uma multidimensionalidade lúdica e criativa que fomenta a empatia; ii) pôr a descoberto o caráter plurissignificativo das materialidades deste livro pop-up, para a compreensão da aceitação do Outro, potenciando a vivência de emoções que vão ao reencontro de práticas de cidadania responsável e ativa; iii) sugerir itinerários de leituras, potenciados pelas peculiaridades reapresentadas no espaço da página. Conclui-se que este livro se institui como invulgar tecido permeado de afetos que reverberam nos múltiplos espaços que as páginas desvelam, tornando-se matéria vivaz que toca os olhos dos leitores, alimentando a empatia.

Palavras-chave: livro-objeto; materialidade; empatia; afetos.

Resumen: Esta reflexión busca dar a leer/ver el libro pop-up Me gustas (casi siempre) de Anna Llenas (2020) como un artefacto estético que llama a la participación de los lectores en procesos de seducción continua. El artículo está guiado por tres objetivos principales: i) investigar cómo los espacios reconstruidos en la doble página instigan una multidimensionalidad lúdica y creativa que fomenta la empatía; ii) desvelar el carácter plural de las materialidades de este libro pop-up, para la comprensión de la aceptación del Otro, potenciando la experiencia de emociones que van hacia el redescubrimiento de prácticas de ciudadanía responsable y activa; iii) sugerir itinerarios de lectura, potenciados por las peculiaridades representadas en el espacio de la página. Concluimos que este libro se establece como un tejido insólito impregnado de afectos que reverberan en los múltiples espacios que revelan sus páginas, convirtiendo-se en materia viva que toca los ojos de los lectores, alimentando la empatía.

Palabras clave: libro-objeto; materialidad; empatía; afectos.

Abstract: This reflection seeks to provide paths to read/see the pop-up book I love you (almost always) by Anna Llenas (2020) as an aesthetic artifact that calls for the participation of readers, in processes of continuous seduction. The paper is guided by three main objectives: i) to investigate how the spaces reconstructed on the double page instigate a playful and creative multidimensionality that fosters empathy; ii) to uncover the multi-meaning character of the materialities of this pop-up book, for the understanding of the acceptance of the Other, enhancing the experience of emotions that go towards the rediscovery of responsible and active citizenship practices; iii) to suggest reading itineraries, enhanced by the peculiarities re-presented in the space of the page. We conclude that this book might be envisaged as an unusual fabric permeated with affections that reverberate in the multiple spaces that the pages reveal, becoming a living matter that touches the eyes of the readers, fostering empathy.

Keywords: book-object; materiality; empathy; affections.

Introdução

São hoje consensualmente reconhecidas as metamorfoses da leitura propostas através do livro-álbum (Melão, 2019; Ramos, 2020a; Rodrigues, 2017; Silva-Díaz, 2016) e os modos como se repercutem nos múltiplos percursos que abrem aos leitores. Na sua plêiade de sentidos, podem desvelar a criação de itinerários robustos no âmbito da Educação Literária, tendo como fulcro a fruição e a apreciação das singularidades do belo. Como sublinha Ramos (2020a, p. 188), os livros-álbum “[...] compartilham a condição de formas não canónicas de arte, desafiando o sistema literário e as abordagens teóricas tradicionais, com impacto no processo de leitura, mas também no circuito de mediação”.

A pertinência do livro-álbum no desenvolvimento da dimensão emocional do leitor em formação tem sido, também, alvo de atenção (Guerreiro e Ferreira, 2020; Nikolajeva, 2013, 2017; Tabernero Sala e Tagüeña Segovia, 2020), sendo destacados os modos como possibilita, por via da interação próxima com os leitores, promover percursos no âmbito dos quais se podem rever, incrementando a compreensão dos seus quotidianos.

A relevância do livro-objeto e a sua versatilidade como estímulo para instigar revisões da curiosidade e do espanto têm, igualmente, vindo a lume, na última década, em ritmo crescente (Navas, 2020; Ramos, 2017; Silva, 2020; Tabernero Sala, 2017), para gáudio dos leitores que nele reencontram abrigos, desafios e renovados modos de se reverem no mundo.

No que se refere ao livro pop-up, a sua fortuna ao longo do tempo tem sido mapeada pelos investigadores (Martins e Silva, 2020; Trebbi, 2012), abrindo-se, atualmente, um vasto e diversificado leque de indagações que promovem o incremento do seu estudo e das suas múltiplas leituras (Amalia e Setiyawati, 2020; Ramos, 2020b, Staples, 2017).

A pluridimensionalidade de que se reveste dá amparo a práticas de leitura na arena educativa, podendo ser matéria-prima de incentivo ao prazer de ler. Bluemel e Taylor (2012) reforçam tal potencial, ao sublinharem os modos como os livros pop-up seduzem os leitores de diferentes faixas etárias e conferem ênfase à relevância do formato enquanto tela germinadora de acolhimentos, por parte das crianças mais novas:

The format itself provides a perfect opportunity for teaching any children how to appropriately handle any book. It is common practice for teachers and parents and other caregivers to help young children master such skills as carefully turning pages of the books to which they are introduced in the classroom or are checking out form the library [...] even very young readers are so enhanced by the format that they are eager to take care of the pop-up books that they encounter. (Bluemel e Taylor, 2012, p. 6)

Luterman, Figueira-Borges e Souza (2018) enfatizam, por seu turno, a “materialidade tridimensional” do livro pop-up gerada através de uma arquitetura de papel que convida “[...] a puxar, girar, levar de um lado a outro. [...] esta lúdica engenharia dá movimento e vida à imaginação do leitor.” Tal repercute-se, pois, no estatuto fundamental abertamente conferido à interação dos leitores, reclamada nos espaços plurívocos que o acolhem e potenciando práticas de leitura partilhada em contextos diversificados.

No estudo que realizam tomando como corpus dois livros pop-up tendo como potencial destinatário extratextual a criança – Popville (Sorman, 2010) e Na floresta da preguiça (Strady, 2012), – Ramos e Ramos (2014) destacam, por seu lado, a sua relevância para o desenvolvimento da ecoliteracia. Entrelaçando a narrativa visual e/ou verbal das duas obras e focando a relevância da descoberta da pluralidade de sentidos implícitos que as páginas convocam, Ramos e Ramos (2014) frisam a originalidade da estética visual que promove pactos inusitados de leitura. Nos plenos sentidos de reconhecimento de mundos que abrem, ambos são opções valiosas no incremento da fruição do belo.

Em reflexão de cariz distinto, Loureiro e Regatão (2019) põem em relevo a contribuição do livro pop-up para o desenvolvimento de experiências de aprendizagem multidisciplinares, associando as artes visuais e a matemática, no contexto da Educação Pré-Escolar. A singularidade do livro pop-up é sublinhada pelos autores do estudo, sendo realçado que “Ao caráter lúdico dos livros Pop-Up, responsável pelo estímulo do lado sensorial do leitor, soma-se o potencial pedagógico, enquanto recurso didático para o ensino de várias áreas do conhecimento” (Loureiro e Regatão, 2019, p. 77).

Recentemente, no âmbito dos estudos abrigados no volume Clássicos da literatura infantojuvenil em forma(to) de livro objeto (Silva, 2020), a versatilidade e os desdobramentos do livro pop-up transparecem na investigação realizada sobre: i) reconfigurações de Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll (Ramos, 2020b); ii) revisitações da obra Peter Pan, de Matthew Barrie (Silva, 2020); iii) inovações artístico-discursivas de Mommy? de Maurice Sendak (Tabernero Sala, 2020), iv) humor e terror na obra Haunted House de Jan Pienkowski (Mociño e Agrelo, 2020).

À luz do referido, nesta reflexão sugerem-se percursos de leitura do livro pop-up Gosto de ti (quase sempre) de Anna Llenas (2019a), encarando-o como artefacto estético que convoca a participação dos leitores, em processos de contínua sedução. Trata-se de um livro-objeto fascinante pelos modos como convida os leitores a tomar parte em processos de inquieta curiosidade que possibilitam encarar a experiência da leitura de modo multidimensional, instigando demorados espantos.

Revendo-se em tempos de fruição que comprometem os leitores, os percursos da leitura propostos nesta reflexão norteiam-se por três objetivos principais: i) indagar o modo como os espaços reconstruídos na dupla página instigam uma multidimensionalidade lúdica e criativa que fomenta a empatia; ii) pôr a descoberto o caráter plurissignificativo das materialidades deste livro pop-up, para a compreensão da aceitação do Outro, potenciando a vivência de emoções que vão ao reencontro de práticas de cidadania responsável e ativa; iii) apontar itinerários de leituras potenciados pelas peculiaridades reapresentadas no espaço da página.

De modo a conduzir tais objetivos a bom porto, para além do enquadramento teórico delineado anteriormente, esta reflexão nutre-se do fio condutor dado a percorrer por Calvino em Se numa noite de inverno um viajante (Calvino, 2018), no que se refere aos pactos estabelecidos com o leitor, na travessia dos mundos acolhidos pelos livros. Nesse sentido, a análise realizada vai demandando, nas secções que a constituem, modos de estar na leitura alimentados pelo sopro vivificador das representações do leitor e da leitura que Calvino (2018) dá a ler na obra referida. Tal reveste-se de interesse por possibilitar, também, sublinhar que “[...] a atividade de leitura é um processo criativo” (Sousa e Costa-Pereira, 2021) e exigente, reconstituindo-se em tecido de matizes plurais cujas metamorfoses têm vindo a ser sublinhadas na literatura de especialidade, nomeadamente no que concerne ao papel dos leitores nessa demanda, com destaque para o seu perfil de participante ativo e motivado, mobilizando estratégias que possam incrementar a compreensão e o acolhimento dos textos (Butterfuss e Kendeou, 2018; Cartwright e Duke, 2021).

Metodologicamente, foram seguidos os seguintes passos: i) análise da matéria-prima peritextual enquanto rede semântica que possibilita desdobrar o aparato lúdico e criativo do livro; ii) redescoberta das materialidades do livro e dos ecos sensoriais que, por tal via, lançam âncora na fruição dos afetos; iii) demanda dos itinerários de leitura fruídos e recomeçados em permanência no apelo sistemático – e delicado – à interação dos leitores, na reconstrução de sentidos que navegam, sem fim à vista, em cada dupla página do livro.

No âmbito da redescoberta do livro-objeto que, face às suas características invulgares, se pode (in)definir enquanto amplo gesto imbricado em renovado exercício de deslumbramentos que o olhar (a)colhe, acreditamos, à semelhança de Manoel de Barros, que as “As coisas que não têm nome são mais pronunciadas por crianças” (Barros, 2016, p. 282). O seu caráter surpreendente faz parte dos itinerários que se seguem, plasmados no entendimento de que, como sublinha João Pedro Mésseder, De umas coisas nascem outras (Mésseder, 2016), em perene renovação.

Gosto de ti (quase sempre) – trilhos de leituras

Gosto de ti (quase sempre) (Llenas, 2019a), da autoria da ilustradora e designer gráfica catalã Anna Llenas, é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura (PNL 2027) para as faixas etárias dos 3-5 anos e dos 6-8 anos (lista respeitante ao 1.º semestre de 2020). O PNL incluiu-o, ainda, na lista dos “20 melhores livros infantis de 2020”. Para além da versão pop-up aqui alvo de atenção, existe igualmente outra edição do livro, no formato tradicional, em castelhano e em catalão (publicada, em 2015, pela Editorial Espasa e pela Editora Estrella Polar, respetivamente).

A narrativa tem como protagonistas o Rui, um bicho-de-conta, e a Rita, um pirilampo, unidos por fortes elos afetivos, matizados pelas singularidades de cada um. As páginas desdobram-se em entrelaçamentos dos seus modos de estar na amizade, com amor – transbordando em percursos da ternura que, gentilmente, desafiam a participação ativa dos leitores.

Refira-se ainda que um dos livros mais conhecidos da autora, O monstro das cores (Llenas, 2019b), tem igualmente dois formatos distintos, sendo um deles a versão pop-up. Os afetos e a experiência de emoções impregnada na experiência da leitura são, ainda, belamente revisitados em Mãe (Llenas, 2020) e Vacío (Llenas, 2015).

No intuito de conferir amplo espaço à escuta das emoções, embora em moldes diferentes, Anna Llenas deu também a lume o Diário de emoções (Llenas, 2016), obra que promove interatividades através da relação proposta em páginas pontuadas pelo branco que aguarda a escrita dos leitores, fomentando cuidar de tudo o que sentem.

Andar à volta do livro – a promessa da leitura

À semelhança de Italo Calvino (2018), acreditamos que – felizmente – “[...] um livro nunca é o que dele se espera” (p. 14). “É claro que a posição ideal para ler nunca se consegue arranjar” (p. 25) e, no caso do livro-objeto, essa deliciosa condição revela-se um convite renovado e lúdico à sua abordagem – todos a bordo é, aliás, o que parece estar implícito, desde o primeiro olhar, neste livro dado a lume por Anna Llenas. Propõe-se, então, em primeiro lugar, que se tente “[...] andar à volta do livro, o ler à volta dele antes de o ler por dentro” (p. 31).

O olhar dos leitores é convocado, de imediato, pela demorada robustez do livro, sendo significativos os seus elementos peritextuais. Expomos, aqui, parte dos trilhos que oferecem, convocando atento deambular. Capa, contracapa e guardas iniciais merecem reparo pela sua singularidade – elogio da demora que percorre o olhar e aí ganha casa, no mergulho da exigência das releituras multifacetadas que suscita (apontadas a seguir).

A capa, elemento exterior que se desvela em espaço interior, reclama atenções, plasmando-se de afetos. Estes reverberam, desde logo, no título – Gosto de ti (quase sempre) – e percorrem o tipo de letra selecionado. Não por acaso, o uso inusitado de minúsculas dita o início da frase; no desenho da página, tocando suavemente os olhos dos leitores, ficam impressas “as mais pequenas variações do que é o amor” (Júdice, 2008, p. 92) – num formato à guisa de bilhete deixado à amiga/ao amigo, no qual pode ler-se a doce escuta da espera. A expressão “quase sempre”, resguardada entre parêntesis, merece reparo; abre um trilho de indagações enquanto abreviado desvio no título que integra (instituindo-se como um sussurro, ao ouvido dos leitores).

Na capa destaca-se também o sofá de dois lugares que acolhe os amigos, de mãos dadas, entrelaçando olhares carinhosos, reforçados pelo tamanho dos olhos que gera, por tais vias, imediata empatia com os leitores. O amor espraia-se, com particular intensidade, nas amplas medidas em que transborda do espaço retratado. A paleta cromática luminosa, embalo que acarinha o olhar, reforça essa invulgar travessia do belo.

Na contracapa, os leitores são chamados a escutar um relevante caudal de emoções gerado através das palavras de Anna Llenas:

Porque será que determinadas características de uma pessoa por vezes nos agradam, mas outras vezes nos incomodam? O Rui e a Rita são muito diferentes um do outro. Aceitar as diferenças nem sempre é fácil… Mas quem disse que seria? Este livro destina-se não só a crianças, mas também a adultos, e convida-nos a compreender o que nos diferencia, mostrando o efeito mágico dos opostos. (Llenas, 2019a, s/p)

O périplo de indagações erguidas nas linhas e nas entrelinhas deste texto acomoda um conjunto de trilhos potenciadores do entrelaçar de distintos itinerários de leitura. O desafio implícito na aceitação das diferenças de cuja singularidade se nutre a diversidade é acolhido, também, neste livro “sem idade para todas as idades.” Nesse sentido, nas práticas de leitura que suscita estão imbricados modos de cuidar, apoiados no trajeto peritextual que propomos.

Nas guardas iniciais, a tela colocada diante dos leitores espelha outros movimentos. O espaço desenhado na capa amplia-se e a união inicial dos dois amigos é desfeita. Tal sucede não só pelo distanciamento espacial – a Rita no sofá destinado aos dois – como também pela marcada expressão facial de ambos (o Rui, cabisbaixo, parecendo guardar o peso da tristeza nos olhos fechados; a Rita, com ar de grande zanga, ostentando uma expressão facial fechada). Adicionalmente, o seu afastamento é ditado pela página que os separa.

O apelo do livro à leitura repousa, também, em cada objeto estrategicamente disposto no espaço da página. Destacam-se: i) a estante de parede com livros ostentando lombadas de várias cores; ii) as plantas ordenadamente dispostas e o vaso com flores – labor e lavores do crescimento da curiosidade pela história que se desenrola. Adicionalmente, uma tela em branco, pendurada na parede, clama pela atenção dos leitores, aguça a sua curiosidade e pode acolher imprevisibilidades resultantes de uma mediação leitora ativa e exigente. O desenho que retrata a Rita ao lado de um balão de ar quente, antecipa, por seu turno, viagens futuras e anuncia a abertura de outros espaços a explorar, no interior do livro e nos seus transbordamentos.

Materialidades – “a corporalidade das coisas”

Entende-se que os trilhos que permanentemente se reabrem neste livro potenciam “[...] uma relação com a corporalidade das coisas, e não com uma ideia intelectual ou afetiva que substitua o ato de vê-las e tocá-las” (Calvino, 2018, p. 171).

Na relação com o livro-objeto que se torna seu, os leitores conferem-lhe um pendor plurissignificativo que se adequa às medidas das leituras. Inicialmente, a apresentação do Rui e da Rita convoca, desde logo, o toque, bem como a plêiade de sentidos que lhe está associada, numa exploração exigida pelo livro. Na página que reabrem para reconhecer o Rui, um bicho-de-conta, contam-se já as histórias que conta, impressas na sua carapaça. A Rita, um pirilampo, reluz no sorriso que oferece aos leitores, cujas mãos se detêm a explorar, na roda dentada da página, diferentes possibilidades dos sentimentos que experiencia, nuances de luz que reverbera – em paleta cromática que oscila entre o amarelo vivo (correspondendo a “Fantástico”), o amarelo tingido de vermelho (indicando “Alerta!) e o vermelho (respingando “Que chatice!). Nos retratos traçados fica, assim, particularmente exposto que “O Rui e a Rita são muito diferentes” (Llenas, 2019a, s/p).

Ao longo do livro, destacam-se distintas representações do espaço materializado diante dos leitores que podem contribuir para o fortalecimento da imaginação enquanto paisagem luminosa onde se reinscreve o pormenor. Em primeiro lugar, retoma-se a apresentação do Rui – o rei da camuflagem – na floresta. Nas folhas que disparam da folha, na vivacidade do verde mesclado de roxo, a presença do bicho-de-conta que ganha corpo na natureza e com ela se confunde é motivo suscitador de indagações dos leitores – e o que se mostra e se esconde ganha um caráter eminentemente lúdico (gesto de abrigo da peculiaridade que assim se reapresenta, em cada releitura).

O investimento na dimensão tridimensional do livro assegura que o olhar dos leitores percorra, à vontade, o espaço que se ergue diante de si, toque as plantas que transbordam da página – apreciando a sua textura – e estenda o braço para afagar as nuvens que dançam na tela que as acolhe. Como frisa Tabernero Sala (2017, p. 185) os leitores “[...] leem também com as mãos”, sendo abertos trilhos que convocam simplicidades duradouras, instigando a curiosidade e o espanto.

Em distinto espaço, qual céu tornado mar onde navegam âncoras de luz, os leitores reencontram, na ampla dupla página, modos de habitar o inesperado. Casas de distintos formatos acenam pormenores encantadores; pequenas luzes que se vislumbram a iluminar ora portas, ora janelas, alimentam trilhos qua a imaginação recolhe, enquanto a Rita escapa da página e vai, talvez, repousar nas mãos que a podem resguardar. No sorriso imprime a terna promessa da viagem e desperta alentos que alinhavam, porventura, surpresas a desvendar, ao longo do livro.

O pendor onírico deste espaço oferece, também, por tal via, diversas paragens para os leitores exercitarem o olhar. Nesse gesto demorado, podem, adicionalmente, ganhar ânimo, reaprender a habitar o mundo e a sonhar, com robusta liberdade. Afinal, como recorda José Eduardo Agualusa, “O melhor da viagem é o sonho” (Agualusa, 2013, p. 183).

Numa terceira tela plasmada de ternura, pode ler-se: “O Rui e a Rita sentem que são muito diferentes e, por isso, gostam muito um do outro” (Llenas, 2019a, s/p; negrito da autora). A centralidade conferida ao gesto trocado – a singela oferta de uma pequena flor cor-de-rosa à Rita – é criteriosamente conseguida através do ambiente primaveril recriado por uma moldura viva das flores e da folhagem que belamente a rodeiam, pérgula gentil erguendo-se da página e redobrando, assim, o encanto. Na narrativa que se reescreve em algumas das folhas que compõem tal moldura, os leitores recuperam, talvez, os fios condutores de outros itinerários de palavras que se demoram no espaço da página, reconstruindo-a de modo plurissignificativo.

As três telas sumariamente apresentadas possibilitam configurar uma “experiência poética do espaço” (Petit, 2020, p. 16) que promove maior proximidade com os leitores, através da vivência intensa de sensações visuais e tácteis que costuram pedaços do amor que une o Rui e a Rita. A repetição dos elos dados a fruir ao longo da leitura contribui, também, para uma perene renovação dos afetos que instiga a escuta da poesia (de modo peculiar, em ritmos que passeiam nas entrelinhas das ilustrações).

O afastamento dos dois amigos ganha, posteriormente, fôlego nas materialidades do livro. Separados na dupla página que os acolhe, cabe aos leitores participar ativamente na busca da compreensão das singularidades de cada um, aliada ao reconhecimento da multiplicidade como caminho de reencontro do Outro. Tais gestos são delineados em amplas telas reabertas pela tridimensionalidade. Elencamos, em seguida, alguns exemplos ilustrativos da sua generosa oportunidade.

Em primeiro lugar, por intermédio de pequenas nuvens brancas que os leitores são chamados a reler através da abertura de pequenas abas, redescobrem-se os defeitos que a Rita aponta ao Rui: a sua carapaça forte e resistente revela-se exagerada e incómoda. A resiliência implícita nas características do Rui dá alento a uma reflexão a propósito da necessidade sua compreensão, em claro contraste com a delicadeza da Rita.

No pequeno “Livro de Reclamações” que o Rui tem em mãos, agitando a página que as mãos dos leitores procuram para saciar a sua curiosidade, ecoam as queixas relativas aos gostos e às ações da Rita no quotidiano – antes encaradas como qualidades e no momento da leitura revistas sob um novo prisma. A par de tal movimento, os leitores folheiam um livro dentro do livro, fruindo generosamente da repetição de um processo que ganha corpo através dele. Ao fazê-lo, reveem-se, também, no que leem, porventura recuperando vivências de amizades que integram a sua vida e munem-se de maior empatia e compreensão face a possíveis adversidades.

Na dupla página seguinte, os leitores descobrem que “O Rui e a Rita sentem que são muito diferentes e, por isso, aborrecem-se um com o outro”. Para o desvendar dos sentimentos que estão associados à falta de empatia anteriormente desenhada, é conferido amplo destaque ao Rui e à Rita no espaço da página em que cruzam olhares plasmados de contrariedades; pelas mãos dos leitores é ainda possível – através de um mecanismo de push and pull estrategicamente colocado na página –, incutir movimento às personagens, de modo que fiquem, literalmente, de costas voltadas. Tal mecanismo, aguçando a participação ativa dos leitores, permite que se revejam nos desafios plasmados no quotidiano que envolvem a aceitação das diferenças dos que os rodeiam.

Em amplo gesto de hospitalidade, a reinscrição da empatia no olhar de quem lê é reforçada através de diferentes opções postas em palco nas duplas páginas que desdobram mundos, destacando-se um mergulho no mar e um passeio de balão, de contornos deslumbrantes. Ambos merecem particular atenção, pelos itinerários de leituras dados a escutar e a ver, de modos multifacetados.

Primeiramente, “[...] o Rui tenta suavizar a sua carapaça” e, aos leitores, cumpre acompanhar tal demanda. Importa expor a tela de afetos partilhados. Numa voragem espacial feita viagem especial, o fundo do mar ergue-se e abraça na sua ondulação revigorante, onde o azul brilhantemente cintila. Um amplo sussurro ecoa no sorriso dos peixes que, de olhos fechados, suavemente passeiam entre algas de distintos tamanhos, cores e texturas – a tranquilidade exala da página. A curiosidade dos leitores é chamada a fixar-se, ainda, no fulgor dos peixes cor de laranja que se vão movimentando pela página. Neste cenário habitam os olhares afetuosos partilhados pelo Rui e pela Rita, espelho do Amor que os une e reverbera nos leitores. Um autêntico banquete sinestésico que transforma o processo de leitura em ampla fruição muito além do que se vê (e se pode rever). Tempo, pois, de relembrar a importância do detalhe: “Olhar para todos os lados, olhar para as coisas mais pequenas, / E descobrir em todas elas uma razão de beleza” (Barros, 2016, p. 61).

Imediatamente a seguir, os leitores são convidados a apreciar um passeio de balão: “E a Rita abranda um pouco o ritmo do seu voo”. O olhar vai bebendo o verde oferecido pela natureza; embriagados em espantos, os leitores podem tocar o balão que se ergue no ar e escapa da página, prosseguindo viagem. Como sublinha Piñon (2019, p. 22): “A imaginação é razão de viver. Aciona a voracidade e não tem fim”.

A importância da demora é redescoberta, de modo renovado, não só através da abundância do detalhe da paisagem que é dada a ver, como pelo afeto dado a rever, entrelaçado, de modo sublime, no modo como a Rita olha o Rui e as suas mãos quase se tocam, instalando a celebração de tal quase. Eis “[...] o poder da literatura: a possibilidade de emigrarmos de nós mesmos, a possibilidade de nos tornarmos outros, a possibilidade de reencantar o mundo” (Couto, 2019, p. 85).

Nas últimas páginas do livro, o amplo espaço de um parque de diversões, onde não faltam o algodão doce, a montanha-russa e a roda gigante, serve de generoso palco para, numa primeira instância, serem retomadas e desveladas as diferentes escolhas ditadas pelo gosto de cada um. Da página que os leitores são convidados a reabrir a meio da dupla página (que encerra, provisoriamente, a narrativa) emergem, em simples e profunda partilha de afetos, no carrinho de choque que os acolhe, o Rui e a Rita – e as letras, a negrito, adquirindo maior tamanho, ampliam a mensagem veiculada: “gostam muito um do outro!” (Llenas, 2019a, s/p).

No beijo quase dado e nas mãos que quase se tocam replicam-se os veios comunicantes do transbordar do afeto promovido pelo impacto visual da ilustração que se espraia muito para além do livro, envolvendo de modo perene os leitores, participantes ativos na construção de processos de empatia – no aconchego do sonho que a imaginação embala e a imprevisibilidade da minúcia sustenta. É urgente relembrar “Que os poetas podem refazer o mundo por imagens, por eflúvios, por afeto” (Barros, 2016, p. 365). E aí tomar pouso.

Do exposto se infere também o extraordinário potencial do livro enquanto “compêndio do mundo”, configurando “[...] todo um universo de que os leitores se poderão apropriar para desdobrarem os seus próprios microcosmos” (Petit, 2020, p. 45) e para os partilharem ao longo da vida.

Importa, ainda, assinalar, outros gestos de leitura que se vão desenhando ao longo do livro, de modo delicadamente subtil, através das minúsculas redes de palavras pertencentes a outras “histórias” que povoam fragmentos das ilustrações. Tal procedimento, vincando os lugares do detalhe enquanto objeto de fruição, é realizado de diversos modos, por exemplo: i) nas palavras impressas na carapaça e no corpo do Rui, desvendando, em permanência, diante dos leitores, o redesenho da relevância das leituras por vir; ii) nos esboços de escrita iluminados em algumas das janelas das casas que permeiam o universo quase onírico onde a Rita brilha como ninguém; iii) no (a)mar imenso onde o Rui e a Rita mergulham, através das possibilidades reabertas pela escuta da sinfonia de algas multicolores (entretecida de palavras que, amenamente, os leitores encontram redistribuídas no fundo do mar).

Para além dos processos de leituras dentro da leitura que se vão desdobrando, este procedimento alimenta os trajetos poéticos reconstruídos ao longo do livro, potenciando a criação, mais robusta, de laços de empatia com os leitores.

Considerações (delicadamente) finais

Tempo de tecer considerações (delicadamente) finais. Como o leitor de Calvino “[...] o meu olhar escava por entre as palavras para tentar descobrir o que se apresenta ao longe, nos espaços que se estendem para lá da palavra ‘fim’” (Calvino, 2018, p. 290-291).

Ao longo desta reflexão, foi possível inferir que os trilhos de leitura propostos em Gosto de ti (quase sempre) (Llenas, 2019a), amparados vivamente pela sua condição de livro pop-up, possibilitam aos leitores reconhecer variações do sorriso que se alongam coração adentro, por via dos afetos, numa interação privilegiada com a tela que se movimenta à medida da sua vontade de redescobertas e vai percorrendo as mãos que dão corpo ao corpo do livro. Em tais sentidos se desdobra a materialidade sensorial do livro como artefacto estético, permeado e permeável a generosidades, de modo invulgar.

Pelas mãos de Anna Llenas, o livro torna-se matéria vivaz que toca os olhos dos leitores e neles se entrelaça de maneira versátil, recriando possibilidades de reconhecimento e vivência da empatia que se ramifica na amizade entre o Rui e a Rita – ganhando profundas raízes no seu embalo (sussurrado aos leitores e adentrando-se, de modo indelével, nos gestos que lhe dão acolhimento). Nos ritmos da espera incorporados no manusear do livro, redesenha-se e perspetiva-se um perfil de leitor que frui o detalhe, se deleita com o inesperado e cuida de cuidar do Outro. Em tais movimentos reconhece e ganha ampla liberdade, acarinhando-a.

Os tempos de fruição deste livro reabrem, também, oportunidades renovadas de reflexão sobre a mediação leitora em contexto escolar, particularmente relevantes para os futuros profissionais da Educação, dada a centralidade que assumem no germinar de desdobramentos de leituras de mundos. Cabe-lhes, pois, o papel maior de revitalizar sonhos e fomentar a reconstrução dos seus pilares. Para tal, cumpre dar-lhes a ler e ver um acervo literário que prime pela qualidade e possa incitar a revelação da promessa da leitura.

Em tempos pautados pela escassez de elogios à lentidão – reclamada, ainda, pelos leitores ávidos de redescobertas que lhes possibilitem celebrar a imaginação –, os trilhos seguidos permitiram inferir que ler, com demora, se pode traduzir em exercício particularmente feliz, em amplos sentidos que o livro reúne. Como nos recorda Ana Llenas, “A alegria é contagiosa / Brilha como o Sol, / cintila como as estrelas / Quando estás alegre, ris, saltas, danças, brincas… / e queres partilhar a tua alegria com toda a gente” (Llenas, 2019b, s/p).

Nos trajetos poéticos que cada espaço redesenhado no livro convida a morosa paragem, os leitores compreendem também que “Poesia é voar fora da asa” (Barros, 2016, p. 284), locus supremo do acolhimento maior que se prolonga em abraço. A dimensão tridimensional do livro assume um papel relevante em tais trajetos, pela interação fomentada com os leitores, alicerçada no corpo do livro e alongando-se nos seus.

Mia Couto recorda: “O que nos faz pessoas é o modo como pensamos, como sonhamos, como somos outros. Estamos, enfim, falando de cidadania, da possibilidade de sermos únicos e irrepetíveis, da habilidade de sermos felizes” (Couto, 2013, p. 88-89). Falamos, enfim, da cortesia impressa nas leituras que transbordam deste livro pop-up. E, delicadamente, (re)pousamos na interrogação lançada por Manuel António Pina: “É isto um livro? / Esta espécie de coração (o nosso coração) / dizendo ‘eu’ entre nós e nós?” (Pina, 2011, p. 21). No limiar das páginas, sempre que esta questão renasce, os leitores tomam alento e recolhem-se na paz que o belo permite salvaguardar. Na escuta dos afetos, o livro reabre espaços de generosidade, ilumina-se a cada releitura, e proporciona o acontecer do inesperado.

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Autor notes

adulcemelao@esev.ipv.pt

Informação adicional

Como citar este artigo : Melão, Dulce (2022). Reverberações dos espaços na escuta dos afetos: o livro pop-up pelas mãos de Anna Llenas. Elos. Revista de Literatura Infantil e Xuvenil, 9, “Artigos”, 1-12. ISSN-e 2386-7620. DOI http://dx.doi.org/10.15304/elos.9.7867

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Elos: Revista de Literatura Infantil e Xuvenil

Vol.
Num. 9
Año. 2022

Reverberações dos espaços na escuta dos afetos: o livro pop-up pelas mãos de Anna Llenas

Dulce Melão
Escola Superior de Educação de Viseu
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